Miroslav Milovic e a Filosofia da Libertação: notas sobre um diálogo inconcluso

Diego Augusto Diehl

Resumo


O melhor modo de homenagear um filósofo comunista como Miroslav Milovic é refletir filosoficamente sobre os caminhos para a superação da despolitização, do biopoder e do capitalismo enquanto modos de colonização do social na Modernidade. Pretendo neste artigo retomar os diálogos que travamos entre 2011 e 2015 na Faculdade de Direito da UnB, apontando que, por caminhos teóricos distintos, a filosofia da libertação busca atingir o topo da mesma montanha filosófica almejada por Milovic. A defesa do comum, da politização, do reconhecimento do Outro são bandeiras de luta que nos unem, enquanto a identificação das divergências e das objeções filosóficas nos fortalecem. Dentro dessa perspectiva, o artigo busca identificar convergências e divergências no debate sobre autores como Descartes, Hobbes, Kant, Hegel, Marx, Levinas, Negri e Derrida.

Referências


AGAMBEN, Giorgio. El tiempo que resta - comentario a la Carta a los Romanos.Traduzido por AntonioPiñero.Madrid: Trotta, 2006.

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção: homo sacer II. Tradução de Iraci de Poleti.São Paulo: Boitempo, 2005.

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo.2ª ed. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

AGAMBEN, Giorgio. O reino e a glória: uma genealogia teológica da economia e do governo: homo sacer II. Tradução de Selvino J. Assmann. 2ª Ed., São Paulo: Boitempo, 2011.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

BADIOU, Alain. A hipótese comunista. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2012.

BADIOU, Alain. O Ser e o Acontecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

BLOCH, Ernst. The Principle of hope. Translated by Neville Plaice, Stephen Plaice, and Paul Knight. Cambridge: Mit Press, 1986.

DIEHL, Diego Augusto. A re-invenção dos direitos humanos pelos povos da América Latina: para uma nova história decolonial desde a práxis de libertação dos movimentos sociais. Brasília, 2015. Tese para obtenção do grau de doutor em Direito - Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília.

DIEHL, Diego. Marx além de Hegel – Uma interpretação a partir da Filosofia da Libertação. Revista Direito e Práxis, v. 9, p. 1812-1839, 2018.

DUSSEL, Enrique. 1492: el encubrimiento del Otro – hacia el origen del “mito de la modernidad”. La Paz: Plural, 1994a.

DUSSEL, Enrique (comp.). Debate en torno a la ética del discurso de Apel – diálogo filosófico Norte-Sur desde América Latina. México: Siglo XXI, UAM, 1994b.

DUSSEL, Enrique. El último Marx (1863-1882) y La liberación latinoamericana. 2ª Ed., México: Siglo XXI, 2007a.

DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação na idade da globalização e da exclusão. Tradução de Ephraim F. Alves, Jaime A. Clasen e Lúcia M. E. Orth. 2ª Ed.,Petrópolis: Vozes, 2002.

DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação. Tradução de Luiz João Gaio.São Paulo: Loyola, 1977.

DUSSEL, Enrique. Hacia una filosofía política crítica. Bilbao: Descleé de Brouwer, 2001.

DUSSEL, Enrique. La producción teórica de Marx – um comentário a los

Grundrisse. 4ª Ed., México: Siglo XXI, 2004.

DUSSEL, Enrique. Método para uma filosofia da libertação: superação analética da dialética hegeliana. Tradução de Jandir João Zanotelli. São Paulo: Loyola, 1986.

DUSSEL, Enrique. Materiales para una política de La liberación. Madrid: Plaza y Valdez, 2007b.

DUSSEL, Enrique. Meditaciones anticartesianas: sobre el origen del antidiscurso de la Modernidad. In: GANDARILLA, José G. e ZUÑIGA, Jorge (coord.). La filosofía de la liberación hoy – sus alcances en la ética y la política. Tomo I. México: UNAM CEIICH, 2013.

DUSSEL, Enrique. Política de la liberación I – historia mundial y crítica. Madrid: Trotta, 2007c.

DUSSEL, Enrique. Política de la liberación II – Arquitectónica. Madrid: Trotta, 2009.

FEUERBACH, Ludwig. A essência do cristianismo. Tradução de Adriana

Veríssimo Serrão. 2ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. Tradução de George Sperber e Paulo Astor Soethe. 2ª Ed., São Paulo: Loyola, 2005a.

HABERMAS, Jürgen. Facticidad y validez: Sobre el derecho y el estado

democrático de derecho en términos de teoría del discurso. Traducción de Manuel Jimenez Redondo. Madrid: Trotta, 2005b.

HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade: doze lições.

Tradução de Luiz Sérgio Repa e Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

HABERMAS, Jürgen. Teoria de la accíon comunicativa I: racionalidad de la accíon y racionalización social. Traducción de Manuel Jimenez Redondo. 4ª Ed., Madrid:Taurus, 2003.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Commonwealth. El proyecto de una revolución del común. Traducción de Raúl Sánchez Cedillo. Madrid: Akal, 2011.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. Tradução de Berilo Vargas. 7ª Ed., Rio de Janeiro: Record, 2005a.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multidão: guerra e democracia na era do império. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2005b.

HINKELAMMERT, Franz. Crítica da razão utópica. Tradução de Álvaro Cunha. São Paulo: Paulinas, 1986.

LEVINAS, Emmanuel. Totalidad e infinito – ensayo sobre la Exterioridad.

Traducción de Daniel E. Guillot. 7ª Ed., Salamanca: EdicionesSígueme, 2006.

LYRA FILHO, Roberto. Karl, meu amigo: diálogo com Marx sobre o Direito. Porto

Alegre: Sergio Antônio Fabris, 1983.

LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. 17ª Ed., São Paulo: Brasiliense, 1999.

LYRA FILHO, Roberto. Razões de defesa do Direito. Brasília: Obreira, 1981.

MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução de Rubens Enderle e Leonardo de Deus. São Paulo: Boitempo, 2005.

MARX, Karl. O Capital – crítica da economia política . Livro I, vol. 1. 3ª ed.Tradução de Reginaldo Sant’anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976a.

MARX, Karl. Sobre a questão judaica. Tradução de Nélio Schneider e Wanda Caldeira Brant. 1 reimp. São Paulo: Boitempo, 2013.

MILOVIC, Miroslav. A utopia da diferença. ALCEU, Rio de Janeiro, PUC-RIO, v. 7, p. 13, 2007.

MILOVIC, Miroslav. Direito ao corpo em Nietzsche e Foucault. Latin American Human Rights Studies, v. 1, 2021.

MILOVIC, Miroslav. Ideología y comunicación (Yugoslavia como problema). Daimon Revista Internacional de Filosofia, n. 12, p. 93-102, 1996.

MILOVIC, Miroslav. Jusnaturalismo e Idealismo. In: Ensaios Filosóficos, Volume IX – Maio/2014, p. 128-150

MILOVIC, Miroslav. Ontologia dos monstros – Antonio Negri e as questões sobre a política e imanência. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 1, n. 18, p. 162-177, 2011.

MILOVIC, Miroslav. Política do messianismo: algumas reflexões sobre Agamben e Derrida. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 1, n. 14, p. 103-121, 2009.

MILOVIC, Miroslav. Política e metafísica. São Paulo: Editora Max Limonad, 2017.

MILOVIC, Miroslav et al. The pandemic as history. Filozofija i društvo, v. 32, n. 1, p.128-134, 2021.

MILOVIC, Miroslav. Tiempo de indigência en la filosofia. Philósophos – Revista de Filosofia, v. 3, n. 1, p. 90-106, 1998.

ROSILLO MARTÍNEZ, Alejandro. Los inicios de la tradición iberoamericana de derechos humanos. San Luis Potosí: Centro de Estudios Jurídicos y Sociales Mispat, 2011.


Texto completo: PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

Ágoras - Revista Científica do G-TEIA / ISSN 2238-4324